A digitalização dos materiais de construção está a transformar profundamente o setor e a tornar a habitação mais acessível em Portugal. Ao permitir maior eficiência nos processos e uma gestão mais eficaz de recursos, esta transição digital promove não só a sustentabilidade ambiental e económica, como também contribui para melhorar as condições sociais dos profissionais do setor.

A Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC) lidera este movimento com o projeto Next Generation MC, uma iniciativa que visa preparar a fileira da construção para os desafios da inovação, digitalização e sustentabilidade. O projeto é financiado pelo COMPETE2030-FEDER e prolonga-se até março de 2027, com ações estratégicas em várias regiões do país.

O objetivo central é reduzir os custos da construção e proporcionar uma habitação mais acessível, respondendo assim às exigências crescentes do mercado habitacional nacional. Esta digitalização não é apenas uma tendência tecnológica, é uma necessidade urgente num setor que historicamente tem sido dos menos inovadores em termos de produtividade e sustentabilidade.

A transformação digital que evita desperdício 

O projeto Next Generation MC aposta fortemente na capacitação dos comerciantes de materiais de construção, dotando-os de ferramentas digitais modernas e práticas logísticas mais eficientes. A transformação digital engloba todo o ciclo de vida da construção, desde a produção dos materiais até à sua aplicação em obra e posterior manutenção dos edifícios. Isto contribui para a diminuição do desperdício e para uma melhor gestão dos recursos disponíveis.

Além disso, com a adoção de ferramentas digitais e sistemas de informação estruturados, como os passaportes digitais dos produtos, cuja obrigatoriedade está prevista até ao final de 2026, o setor será capaz de cumprir as exigências europeias relativas à pegada de carbono, à economia circular e à reciclagem. Este esforço conjunto promove uma construção mais eficiente e ambientalmente responsável, o que, a médio prazo, se traduz também numa habitação mais acessível para os cidadãos.

Condições de trabalho também são beneficiadas 

A componente social da digitalização também não é negligenciada. A utilização de tecnologia avançada melhora significativamente as condições de trabalho nas obras e armazéns, reduz o esforço físico necessário, aumenta a segurança laboral e pode refletir-se na valorização das carreiras do setor. Tudo isto contribui para um ambiente profissional mais atrativo e para um aumento da produtividade.

Com a criação de um Plano Estratégico para a Fileira da Construção Beyond 2030, o projeto procura envolver os cerca de 260 associados da APCMC e outras entidades relevantes do setor. O plano pretende definir um rumo claro para o futuro, baseado em práticas mais sustentáveis, eficientes e digitais, com o objetivo último de promover o acesso a uma habitação mais acessível e de qualidade.

As ações previstas incluem ainda workshops em cidades como o Porto e Braga, onde serão debatidos temas cruciais para o futuro da construção: a digitalização, a construção off-site, a inteligência artificial, a inovação logística e as oportunidades da economia circular. Estes eventos são também momentos de partilha e aprendizagem, essenciais para alinhar toda a cadeia de valor da construção com os objetivos nacionais e europeus de transição verde e digital.

A transformação do setor da construção através da digitalização é, assim, um passo essencial para alcançar uma habitação mais acessível. Ao melhorar os processos, reduzir os custos e aumentar a sustentabilidade, o projeto Next Generation MC mostra que o futuro da habitação passa, inevitavelmente, por uma construção mais inteligente, mais verde e mais centrada nas pessoas.

Fonte: SUPERCASA
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