Excedente externo com recorde: 3,3% do PIB em 2024

A economia portuguesa continua a dar sinais de robustez, alcançando em 2024 um excedente externo de 9.300 milhões de euros, equivalente a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Este valor representa o rácio mais elevado desde 1953, demonstrando a crescente capacidade do país para gerar riqueza através do comércio externo, especialmente no setor dos serviços.

O desempenho positivo foi impulsionado pela balança de bens e serviços, que apresentou um saldo positivo de 6.700 milhões de euros, correspondendo a 2,3% do PIB. O grande destaque foi a balança de serviços, cujo excedente atingiu 31.910 milhões de euros, ultrapassando significativamente o défice da balança de bens, que se fixou em 25.260 milhões de euros. Estes números refletem a competitividade da economia portuguesa no setor terciário, em particular nas áreas do turismo e dos transportes.

A análise dos dados do Banco de Portugal revela que o défice global da economia, em termos absolutos, manteve-se estável em relação a 2023, mas a sua percentagem face ao PIB recuou de 9,5% para 8,9% em 2024. Esta melhoria foi sustentada por um crescimento das exportações (1,9%) superior ao das importações (1,4%), reforçando a importância da internacionalização da economia portuguesa como motor de crescimento sustentável.

O setor dos serviços teve um papel determinante no aumento do excedente externo. O saldo positivo da balança de serviços aumentou 2.700 milhões de euros face a 2023, refletindo um crescimento das exportações de 8,1%, superior ao aumento das importações (6,8%). O setor do turismo, tradicionalmente um pilar da economia portuguesa, foi um dos principais motores desta evolução, registando receitas de 27.651 milhões de euros. O saldo da balança de viagens e turismo atingiu 20.916 milhões de euros, o valor mais elevado da série histórica, com um crescimento de 1.800 milhões de euros em relação ao ano anterior.

O Reino Unido, França e Alemanha foram os mercados mais relevantes para as receitas turísticas portuguesas, contribuindo com 4.100 milhões, 3.200 milhões e 3.100 milhões de euros, respetivamente. Estes números reforçam a importância do turismo internacional para o dinamismo da economia portuguesa e para a geração de excedentes na balança de serviços.

Além do turismo, outros setores também deram um contributo significativo para o desempenho positivo da economia portuguesa. O setor dos transportes gerou receitas de 10.500 milhões de euros, enquanto os serviços fornecidos por empresas totalizaram 10.075 milhões de euros em exportações. Estes segmentos continuam a crescer, consolidando a posição de Portugal como um jogador relevante no comércio global de serviços.

No que diz respeito à balança de rendimento primário, o défice reduziu-se em 2.000 milhões de euros, situando-se nos 4.981 milhões de euros. Já o excedente da balança de rendimento secundário registou uma ligeira descida de 15 milhões de euros, fixando-se em 4.471 milhões de euros. Neste contexto, as remessas dos emigrantes portugueses foram um fator de estabilidade, destacando-se as provenientes da Suíça (1.135 milhões de euros), França (1.109 milhões de euros) e Reino Unido (719 milhões de euros), que representaram mais de dois terços das remessas totais.

O saldo da balança de capital registou uma diminuição de cerca de 600 milhões de euros, atribuída a uma menor atribuição de fundos europeus destinados a investimento. No entanto, o saldo da balança financeira atingiu 9.664 milhões de euros, um aumento de 71% face ao ano anterior, demonstrando um reforço da posição financeira do país.

O desempenho da economia portuguesa em 2024 reflete um crescimento sustentado baseado na expansão das exportações de serviços e no aumento da competitividade externa. O reforço do setor do turismo e dos serviços empresariais permitiu atingir um excedente externo recorde, consolidando a trajetória positiva da economia portuguesa e o seu posicionamento estratégico no mercado global.

Fonte: SUPERCASA