O que está a acontecer com a prestação da casa?

A prestação da casa vai voltar a aliviar as finanças das famílias portuguesas em julho, com reduções que podem atingir os 135 euros, dependendo do indexante do contrato de crédito à habitação. Este novo alívio surge numa altura em que o Banco Central Europeu (BCE) se prepara para fazer uma pausa nos cortes das taxas de juro, após um ciclo de descidas que renovou mínimos de mais de dois anos e meio.

O impacto das decisões do BCE

Nos últimos meses, o BCE tem vindo a baixar as taxas de referência, refletindo o abrandamento das pressões inflacionistas na Zona Euro. Desde o verão de 2024, já foram realizados oito cortes, com a taxa da facilidade de depósito a fixar-se nos 2%. Estes cortes tiveram impacto direto nas taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação da casa nos contratos com taxa variável. Assim, quem tem revisão do crédito agendada para julho vai sentir um novo alívio no valor a pagar ao banco.

Como ficam as prestações da casa em julho?

Para um empréstimo típico de 150 mil euros a 30 anos, com um spread de 1%, as prestações mensais vão descer de forma significativa:

Euribor a três meses

A prestação desce para cerca de 636 euros, menos 32 euros face ao trimestre anterior.

Euribor a seis meses

A prestação ronda também os 636 euros, uma descida de 56 euros em relação ao semestre anterior.

Euribor a 12 meses

A prestação cai para 639 euros, menos 134 euros comparando com o valor do último ano.

Estes valores refletem as médias das taxas Euribor registadas em maio, uma vez que os bancos utilizam este valor para atualizar as prestações no mês seguinte.

O fim do ciclo de descidas nas prestações da casa

Apesar das descidas, nota-se já uma desaceleração no ritmo de recuo das Euribor, sinalizando que o ciclo de alívio nas prestações da casa está a aproximar-se do fim. De facto, a média mensal da Euribor a 12 meses registou uma ligeira subida em junho, a primeira em mais de um ano, o que pode indicar que as próximas revisões não serão tão favoráveis.

O BCE deverá fazer uma pausa na descida dos juros já em julho, depois de um período de volatilidade nos mercados internacionais, nomeadamente devido à instabilidade nos preços do petróleo e às tensões geopolíticas. Os mercados antecipam apenas mais um corte nas taxas de juro até ao final de 2025, o que significa que o atual ciclo de descidas está praticamente concluído. Assim, os encargos com o crédito à habitação vão manter-se mais baixos, mas dificilmente continuarão a descer ao ritmo observado no último ano e meio.

O que devem fazer as famílias com crédito à habitação?

Para as famílias portuguesas, este contexto representa uma oportunidade para reforçar a sua folga orçamental, aproveitando as prestações mais baixas para poupar ou amortizar antecipadamente o crédito. No entanto, é importante estar atento à evolução das taxas de juro e às decisões do BCE, uma vez que qualquer alteração pode impactar diretamente o valor da prestação da casa nos próximos anos.

Julho traz mais um alívio nas prestações da casa, mas o cenário de quedas expressivas está perto do fim. Com a política monetária do BCE a entrar numa fase de maior cautela, o futuro das prestações dependerá da evolução económica da Zona Euro e das próximas decisões dos responsáveis pela política monetária europeia. Para quem tem crédito à habitação, é fundamental acompanhar de perto estas mudanças e, sempre que possível, simular o impacto das revisões futuras no orçamento familiar.

Fonte: SUPERCASA
Geral, Impostos e Taxas, Mercado Imobiliário , Portugal